SISTEMAS DE IMPLANTE: Mudança de paradigma nos caminhos da osseointegração e a performance em longo prazo

Dr. Paulo G. Coelho

A osseointegração é a base que suporta a reconstrução estética e funcional em longo prazo das restaurações implantossuportadas.

O processo envolve múltiplas variáveis em diferentes níveis que podem ser ajustadas para promover a aquisição de estabilidade e previsibilidade no tratamento com implantes osseointegráveis.

A relação entre a macrogeometria do implante e a preparação do leito cirúrgico determina o mecanismo de osseointegração

O processo de osseointegração começa com a instalação do implante e está associado à estabilidade primária, o travamento físico-mecânico entre as paredes da osteotomia e a superfície do implante durante a instalação.

A estabilidade primária tem sido considerada um fator indispensável para atingir a osseointegração de maneira previsível, pois determina a resistência a macro e micro movimentos do implante durante o período de cicatrização dos tecidos.

Veja agora um trecho da palestra sobre o assunto!

Qual é a importância do desenho de câmaras de osseointegração na macrogeometria do implante?

No processo de osseointegração, crucial na implantodontia, o contato direto entre o implante e o osso alveolar é essencial. Três mecanismos de osseointegração foram detalhados: remodelação óssea interfacial, onde o implante é inserido com subfresagem, criando compressão óssea inicial, mas potencialmente resultando em microtrincas; osseointegração intramembranosa de câmara de cicatrização, onde o implante com platôs é colocado em uma osteotomia do mesmo diâmetro, formando espaços vazios preenchidos por coágulo sanguíneo, favorecendo a formação de tecido osteogênico; e osseointegração híbrida, combinando aspectos dos dois primeiros mecanismos para alcançar estabilidade primária na instalação e minimizar a remodelação interfacial.

A importância do desenho de câmaras de osseointegração na macrogeometria do implante é destacada. Essas câmaras facilitam a neoformação óssea em contato direto com o implante, limitando a remodelação interfacial e reduzindo o tempo necessário para atingir a estabilidade secundária. A interação sinérgica entre o desenho da superfície do implante, incluindo tratamentos de superfície em micro e nanoescala, e o formato da osteotomia maximiza a interação entre o coágulo sanguíneo e a superfície do implante, acelerando migração osteogênica e interações celulares, otimizando assim o processo de osseointegração.

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O tipo de titânio influencia na osseointegração? Há diferença na osseointegração do Ti comercialmente puro comparado a Liga Ti-6Al-4V?

Imagens histológicas das câmaras de osseointegração em implantes de A) Titânio comercialmente puro Grau II e B) Liga Ti‐6Al‐4V em modelo canino após 6 semanas in vivo. As microfotografias evidenciam padrão de osseointegração híbrida com osseointegração intramembranosa dentro da câmara e áreas de remodelação interfacial na ponta das espiras. Áreas de neoformação óssea podem ser observadas de maneira semelhante dentro das câmaras de cicatrização dos implantes confeccionados com os dois tipos de materiais.

No campo da implantodontia oral, o tipo de titânio utilizado desempenha um papel crucial na osseointegração dos implantes dentários. O titânio comercialmente puro grau II, amplamente empregado, historicamente oferece resultados satisfatórios. No entanto, pesquisas evidenciam que ligas como Ti‐6Al‐4V apresentam maior resistência à remoção e mecânica superior em cenários desafiadores, como implantes estreitos. Embora estudos histológicos mostrem uma osseointegração similar entre o titânio comercialmente puro grau II e a liga Ti‐6Al‐4V, a resistência mecânica superior da liga se mostra vital, especialmente em implantes curtos e extracurtos.

Além disso, a busca por materiais alternativos levou ao desenvolvimento de implantes cerâmicos, notavelmente a zircônia tetragonal parcialmente estabilizada. Estes implantes são preferidos em tratamentos estéticos, onde o titânio poderia ser visível. Apesar de sua biocompatibilidade e apelo estético, estudos clínicos de longo prazo são cruciais devido à potencial degradação do material em baixas temperaturas.

Em resumo, o tipo de titânio exerce uma influência significativa na osseointegração dos implantes dentários. Enquanto o titânio comercialmente puro grau II é amplamente utilizado, ligas como Ti‐6Al‐4V oferecem resistência mecânica superior, sendo essenciais, especialmente em implantes desafiadores. Implantes cerâmicos, embora esteticamente atraentes, demandam estudos clínicos de longo prazo para validar sua durabilidade e eficácia na osseointegração.

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Esse foi um trecho da palestra apresentada no evento PRODIM (Protocolo de Reabilitação Oral Digital Medens), que aconteceu nos dias 22 e 23 de Julho de 2022 em Campinas/SP. O evento reuniu mais de 200 participantes, contando com 12 palestrantes e o lançamento do livro PRODIM para todos os presentes.

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